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Que recuperemos a amarelinha

    Nelson Rodrigues, talvez nosso maior cronista dizia que “o brasileiro é um narciso às avessas.” Para chegar um tal vaticínio, utilizava um personagem que era seu amigo de infância. Onestaldo, um rapaz que escondia suas qualidades e gostava de ostentar em público seus piores defeitos. Fazia isso aos berros e sem nenhum constrangimento. Nelson Rodrigues comparava isso ao comportamento dos torcedores brasileiros frente a seleção brasileira de 1976. Sempre desacreditando e apontando os defeitos daquele time. E olha que a escrete canarinho naquele ano tinha entre outros, Leão, Falcão, Zico e Rivelino e Roberto Dinamite.      Neste domingo, começa mais uma copa do mundo de futebol. Não gosto do sentimento de patriotismo. Acho cafona e brega. Há quem diga até que este é o último refúgio de um canalha. Na história mundial, essa ideologia política só produziu ditaduras, guerras e mortes.   Porém, na copa do mundo é diferente. Gosto de ser nacionalis...

O povo bestializado

  Amanhã, 15 de novembro comemoramos a Proclamação da República Federativa do Brasil. O ato imortalizado no quadro pintado por Benedito Calixto, foi na verdade um golpe aplicado pelos militares na Monarquia, e apoiado pela elite econômica. Os militares estavam descontente com a monarquia porque consideravam baixos seus soldos, já a elite econômica estava insatisfeita porque o regime imperial porque este tinha posto fim a escravidão. Sim, nossa república é fruto de um golpe militar, “mercado” da época estava preocupada que o fim da escravidão poderia quebrar a economia do país. Para isso contaram para assim com o “braço forte e a mão amiga do exército.” Uma república é definhada entre outros princípios pela divisão de poderes proposto pelos autores John Locke e Montesquieu. Preocupados com a concentração de poder produzido pelos governos absolutistas, propuseram que o poder da república deveriam ser divididos em três: executivo, legislativo e judiciário      O poder ...

O errático pós Bolsonaro

  Quase 48 horas depois de se tornar o primeiro presidente a não conseguir se reeleger no Brasil, Bolsonaro finalmente decide pronunciar-se. O que a nação assistiu foi um presidente isolado, acompanhado apenas de núcleo mais radicalizado do seu governo. Com um olhar assustado, e visivelmente nervoso, Bolsonaro fez o esperado pronunciamento em pouco mais de dois minutos. O ato foi seguido com uma fuga desenfreada das perguntas da imprensa.  A lacônica cena contrasta com o Bolsonaro de 2018 que aos berros e xingamentos enfrentava a imprensa. Enquanto assistia a temperatura subindo nas ruas, os apoios ao presidente Bolsonaro derretiam. Com pouco mais de 49% dos votos no segundo turno, a leniência em pronunciar-se fez com que seus apoios ao mito, em seu primeiro ato público depois da eleição reduzissem a militantes ensandecidos por mensagens golpistas de redes sociais. Políticos e empresários que apoiaram Bolsonaro na eleição de domingo pularam da aventura golpista do mito. Os b...

Até que fim acabou

           É chover no molhado dizer que o debate foi horrível. Com um Bolsonaro raivoso, o debate lembrou o jogo do BEC x Marcílio Dias nos anos 90. Só canelada e chute pra cima. Sendo assim, penso que no último debate da eleição, nenhum dos dois candidatos ganhou qualquer voto. Imagino que um cidadão normal, que não é consumidor de política e não acompanha o tema no dia a dia, deve ter desligado a televisão no segundo bloco. Bolsonaro começou o debate prometendo aumento no salário mínimo, revelador que o plano vazado de desindexação da inflação pegou negativamente na sua campanha. O ex-capitão como em todos os outros debates desta eleição falou para o cercadinho.  Tentou jogar com as velhas cartas de perigo de comunismo, aborto, MST e etc.  Pareceu que estava com medo de perder o jogo, estava numa estratégia do tudo ou nada.   Bolsonaro também negou sua ligação com Roberto Jefferson (PTB). Mais um aliado largado no meio do caminho....

Notas sobre o debate da Band no segundo turno

  1) Debate não ganha eleição mas faz perder. Muito menos pela atuação dos candidatos e mais pelas repercussões na imprensa e nas redes sociais após o evento. Exemplo disso é a famosa edição da Globo na eleição de Lula e Collor na eleição de 1989 2) Debate também é um espetáculo televisivo. A disposição e postura corporal e roupa dos candidatos também conta. Chamou a atenção que Lula usou um broche de uma campanha contra a pedofilia. Também usou a gravata que enfrentou Sérgio Moro e deu as principais entrevista quando estava retido em Curitiba/PR 3) Aliás, Bolsonaro apareceu com o agora senador eleito do Paraná como assessor. Parece que Sergio Moro, que se incomodou com a corrupção nos governos do Partido dos Trabalhadores, mas não liga para a corrupção no governo do capitão. 4) Quem esperava um evento agressivo ficou frustrado. Comparando com o debate da Globo no primeiro turno, foi extremamente civilizado. 6) Como falei no primeiro ponto, debate não ganha eleição, é apena...

Sobre o primeiro turno da eleição em Santa Catarina

    Por caquete de cientista social, optei por aguardar para “fechar” uma análise sobre o primeiro turno da Eleição de 2022.  Quem come quente, pode queimar a língua. Segue algumas notas:              O PL Vitaminado pelo recurso do orçamento secreto e pelo bolsonarismo, o Partido Liberal tornou-se o maior partido da força parlamentar no Brasil.  Jair Bolsonaro recebeu 62,2% dos votos válidos em Santa Catarina, percentual praticamente idêntico aos 65,8% que teve na eleição de 2018. O partido elegeu 6 deputados federais e 11 estaduais. Esperar a sustentabilidade desta engenharia. Em 2018 o PSL também teve um desempenho parecido. Hoje não existe mais. A extrema direita Não só em Santa Catarina, mas no Brasil elegemos um congresso fortemente influenciado pela extrema-direita. O grupo disruptivo em Santa Catarina fez a deputada federal e a estadual mais votada e contou ainda com a eleição do improvável Zé...

O debate da Globo: Ninguém ganhou ou perdeu, nem quem ganhou nem perdeu

Bolsonaro (PL): Ajudado por dois escudeiros, Padre Kelmon (PTB) e Felipe D’avila (NOVO) passou de largo no debate. Sobrou fake news e lacração de direita. Com o discurso de que não houve corrupção no governo. Que é contra a ideologia de gênero, contra o comunismo e etc… Teve duas oportunidades de fazer perguntas para Lula (PT) mas escolheu como debatedor o Padre e o candidato do Novo. Falou para o cercadinho. Não creio que ganhou voto. Ciro (PDT): Mais uma vez não foi o brilhante comunicador que conhecemos. Tomou uma invertida de Lula já no primeiro bloco e ficou procurando a bola durante boa parte do jogo. Já no final do evento, aos debater por uma segunda vez com Lula, foi ameno com o petista. O que pareceu um comportamento dúbio.  Não ganhou voto, falou para a sua militância. Felipe D'avila (NOVO): Se alguém tinha dúvida das afinidades do partido novo com o bolsonarismo depois de ontem não tem mais. Atuou como linha auxiliar do presidente. Assim como no debate do SBT, passou ...