Nelson Rodrigues, talvez nosso maior cronista dizia
que “o brasileiro é um narciso às avessas.” Para chegar um tal vaticínio, utilizava um
personagem que era seu amigo de infância. Onestaldo, um rapaz que escondia suas
qualidades e gostava de ostentar em público seus piores defeitos. Fazia isso
aos berros e sem nenhum constrangimento. Nelson Rodrigues comparava isso ao
comportamento dos torcedores brasileiros frente a seleção brasileira de 1976.
Sempre desacreditando e apontando os defeitos daquele time. E olha que a escrete
canarinho naquele ano tinha entre outros, Leão, Falcão, Zico e Rivelino e Roberto
Dinamite.
Porém que
nosso uniforme foi sequestrado. Assim como o Onestaldo, foi usado para mostrar
nossa pior, mais vil e mais brega faceta. Como esquecer a cena dos patriotas de
São Miguel do Oeste, vestidos com a camisa da seleção e fazendo saudação
nazista? Dos golpistas amotinados nas rodovias do país, impedindo o direito de
ir e vir e não deixando medicamentos e doentes chegarem ao seu destinos? Dos carpideiros
rezando e batendo nos muros dos quarteis pedindo ditadura e intervenção militar?
Todos vestidos com a camisa da seleção. Como o anti-herói rodrigiano, também
fazem isso aos berros. Transformaram-se motivos de chacota internacional. A reboque, emporcalhando nossa imagem no
exterior e labuzaram a amarelinha.
Que na próxima semana,
os escolhidos pelo Tite possa nos fazer esquecer estas imagens. Que a rede
possa voltar a balançar, que haja chuvas de gol, a nosso favor, que tenhamos
muitos orgasmos com a seleção. Sim, porque até de sexo esse povo nos queria castrar.
Mesmo que seja pouco mais de duas horas, voltaremos a nos abraçar sermos um
país unido. Que recuperemos a amarelinha. Como vociferava Nelson Rodrigues, este
sempre será o país das chuteiras e dos calções. Somos os melhores do mundo
sempre, e que as outras torcidas tremam.
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