Sem
a pretensão de esgotar qualquer tema e muito menos ser o dono da verdade e das
interpretações dos fatos, creio ser necessário debatermos o que é
fascismo. Talvez o conceito político mais
ouvido na eleição de 2018. Desde já, peço desculpa ao leitor pelo tom
professoral.
Antes de discorrer sobre este regime de
governo e suas experiências históricas, é preciso conhecer a origem da palavra.
Em italiano, facio (do latim)
significa feixe. A palavra remonta a antiga Roma, onde os juízes como símbolo
do poder do Estado utilizavam um feixe de varas que eram amarradas por cordas
vermelhas e ao lado do feixe, inseria-se um pequeno machado. Este conjunto
chamava-se Fascio Littorio. No
conceito político moderno, seria a ideologia política que prega atingir o bem
comum, defende que a sociedade deve ser compacta, unida. Faz
prevalecer os conceitos de nação e raça sobre os valores individuais.
Geralmente é composto por um governo autocrático e centralizado na figura de um ditador.
A
Itália foi o primeiro país do mundo a viver uma experiência fascista. Em 23 de
março de 1919, em Milão, 120 pessoas se reuniram convocadas por Benito
Mussolini. A pauta era, a luta pelo voto universal, a socialização de grandes
empresas e terras aos camponeses. Porém, as palavras de ordem, esconderam os
verdadeiros objetivos. Uma política expansionista da Itália, foi de deter o
crescimento dos socialistas e a organização dos operários e camponeses.
Na
Alemanha de 1919, o ferroviário Anton Drexler cria na Baviera o Partido Alemão
dos Trabalhadores. Meses depois um mau pintor, desocupado e ex-cabo do exército
alemão Adolf Hitler aderiu ao movimento. Rapidamente torna-se o líder do
partido que passa a se chamar Partido Nacional Socialista Alemão, ou, como
ficou conhecido, Partido Nazista. Apesar de ter socialista no nome, o movimento
nunca atacou o capital monopolista. Declarava que nunca socializaria os bancos
e as indústria, mas sim, os seres humanos. Foi tratado inicialmente como um
folclore político, por defender o direito a raça pura e o direito da Alemanha em
subjugar outros povos e etnias. Hitler chegou ao poder depois de um acordo com
o partido conservador. Era o início do
mais terrível regime político da história. Prosseguiu e assassinou alemães, judeus,
ciganos, homossexuais e grupos religiosos. Um dos principais lemas do regime
era “Deutschland über alles” (Alemanha acima de tudo).
Em
1910 cai a monarquia Portuguesa e no período seguinte o país viveu um clima de
desestabilização e crise política. Entre 1910 e 1926, Portugal teve quarenta e
cinco governos. O resultado foi um golpe
militar em 28 de maio de 1926. No programa, medidas moralizantes contra a
corrupção no meio político e a glorificação do militarismo. Os militares
nomearam para o ministro das finanças um professor da Universidade de Coimbra, Antônio
Oliveira Salazar, originário da Democracia Cristã. Em 1932, Salazar assume o
cargo de primeiro ministro e promulga, um ano depois, uma nova constituição.
Inicia-se quarenta anos de fascismo em Portugal. Um estado corporativista que
deveria unir não somente questões econômicas, mas também morais e culturais. O
resultado foi a miséria e a concentração de riqueza na mão de 14 famílias. Seus principais lemas eram “Tudo pela Nação, nada
contra a Nação" e "Deus, Pátria, Família.
Além
destes, há outros exemplos ao longo da história. Espanha, Grécia, Hungria. Cada
país, possui especificidades históricas e características políticas próprias em
sua experiência com o fascismo. Porém, de forma geral, podermos dizer que o que
aproxima todos eles, é um período anterior marcado por crise econômica,
desemprego em alta e crise política e institucional. Alimenta-se da sensação de
insegurança e corrupção generalizada. Glorifica
o nacionalismo, legitima-se pelo combate ao socialismo e ao comunismo. Tem
pouco ou nenhum apresso aos partidos políticos. Quando valoriza os partidos,
prega o partido único. Louva o moralismo e transforma em mito seu líder
político.
[1] Texto publicado originalmente no Jornal O Município de
Blumenau no dia 23/10/2018
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