Em tempos em que o Presidente brasileiro viaja para os
Estados Unidos para entregar nosso patrimônio e nossa soberania nacional e que
de forma subserviente entrega as chaves da Base Militar de Alcântara, para que
Trump controle de porteira fechada, um autor brasileiro passa a ser leitura
obrigatória: Darcy Ribeiro. Ele nos ajuda não somente compreender a formação do
povo brasileiro, como também o comportamento da elite política e econômica da
América Latina.
Nascido em Montes Claros (MG), em 26 de outubro de 1922,
filho de professora primária, teve a educação presente em sua vida desde cedo.
Durante sua existência foi antropólogo, educador e romancista. Como político,
foi ministro-chefe da Casa Civil de João Goulart, vice-governador do Rio de Janeiro
de 1983 a 1987 e exerceu o mandato de senador pelo mesmo Estado. Faleceu em
Brasília (DF), em 17 de fevereiro de 1997.
Darcy Ribeiro integra o grupo de intelectuais brasileiros
dos anos 1950, que assumiu como missão e compromisso encontrar soluções para o
país. Para a compreensão dos problemas nacionais, Ribeiro analisa não somente o
Brasil, mas toda a América Latina.
Para explicar o processo de colonização da região, o autor
parte da expansão mercantilista na Europa que atuando aqui deixou explícita sua
intenção despótica. Conseguiu quase de imediato subjugar a sociedade
pré-existente, paralisar a cultura original e converter a população em uma
força de trabalho submissa. Este processo construiu nas terras da América do
Sul uma homogeneização da propriedade que deu suporte e força ao empreendimento
colonialista na região.
Este processo deu-se de duas formas. A primeira através do
saque e pilhagens da riqueza dos povos originários e a segunda pela apropriação
da produção mercantil. Segundo o autor, esta concentração de riquezas permitiu
a colônia montar uma vasta burocracia militar, governamental e eclesiástica que
passou a reger a vida social em cada detalhe.
Neste processo os interesses a aspirações do povo nunca
foram levados em conta, mas sim, os interesses da elite oligárquica
exportadora, que atuava aqui como uma feitoria. Essa preferência pelo lucro da
colônia é a base do nosso atraso e penúria.
O resultado desta relação desigual foi sempre a
coexistência de uma opulência elite econômica, que por vezes, chega a ser os
mais bem sucedidos do mundo, com a pobreza e penúria da população em geral.
Somos um imenso mosaico cultural e está nisto a nossa
força. A nossa fragilidade encontra-se na estratificação de classe. Porém, nas
classes populares reside a força da nossa identidade cultural e de nação. Nosso
destino enquanto nação, não é nos subjugarmos a outros povos, mas nos
unificarmos com todos os latino-americanos por nossa oposição comum ou mesmo
antagonista, a América anglo-saxônica. Valorizarmos mecanismos regionais de
cooperação na América do Sul. Uma força política regional como ocorre na União
Europeia. Somente assim, segundo Darcy Ribeiro, poderemos fazer valer nossa
força e soberania enquanto nação.
Texto publicado no Jornal O Municipio no dia 19/03/2019 - https://omunicipioblumenau.com.br/josue-souza-precisamos-voltar-darcy-ribeiro-entender-brasil-america-latina/
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